domingo, 19 de abril de 2009

Book

On The Road



Se existem os chamados "road-movies", podemos dizer que esse é um "road-book". On The Road, ou "Pé Na Estrada", é a obra-prima de um dos símbolos da geração Beat, Jack Keuroac. É a história de Sal Paradise, que narra suas experiências ao atravessar os Estados Unidos, ao lado de Dean Moryarti, numa onda diferente do "american way of life". O livro é sobre a busca por experiências autênticas, reais. Foi extremamente influente na época, inclusive na música. Na verdade, ainda o é.

Album

Road to Rouen

Um disco de uma das bandas mais criativas do rock de hoje: o Supergrass. Você já deve ter ouvido o single "All Right" em algum lugar, mas a banda é muito mais do que isso. Uma das provas é o disco Road to Rouen, de 2005. Este álbum é tão...álbum, porque ele possui um tema, uma direção e a gente pode notar os laços entre as canções. Recomendo muito a faixa "St. Petersburg", assista o clipe no youtube, acredite, vale a pena.

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domingo, 5 de abril de 2009

my words

Instável, o humor.

Está chovendo. Embora seu humor fique péssimo quando em casa fica por muito tempo, adora ver a chuva. Na verdade, gosta mesmo é de ver as gotas correndo no vidro, não só lá fora. As pessoas, ao menos uma parte delas, curtem assistir a chuva através de uma janela. Na realidade não se sabe muito ao certo por quê. Pode ser pela forma que a água toma naquela invisível superfície lisa, que se torna visível quando serve para obstruir aquela água. As gotas que quando sentam se espalham, como crianças que ao verem um daqueles pufes gigantes nele se atiram e se esparramam. Ou pode ser também pelo simples fato de estar somente vendo toda aquela chuva, por vezes gelada, cair lá fora e não em suas cabeças.
O mau humor dela é algo, significativamente, constante. Talvez seja apenas excêntrica ou temperamental, mas no final das contas, já que é uma artista, isso passa a ser algo não tão incomum. Contudo, até mesmo em seus quadros é possível perceber o quanto ela está longe de ser comum ou ordinária. Desde os tempos de colégio os meninos já percebiam essa sua singularidade. Singular também é esse seu tal mau-humor, que pouquíssimas coisas acalmam. É ai que ele entra.
Logo de início, quando se conheceram, já exercia esse efeito nela, ou para ela. Sempre soube como acalmá-la e, sobretudo, quando fazê-lo. Muito provavelmente por isso ela não consiga mais viver sem ele e também por isso que toda vez que ele a deixa, seja para ir até a bilheteria do cinema, ela se pergunta como ela fazia antes. Como ela encarava um mundo que sempre a encarou mais forte. Ele a entende como ninguém e sabe muito bem como amaciá-la nas piores horas. Justamente como naquelas em que estavam por vir.
O azul ainda está secando. Com toda essa chuva é natural que ela pinte água. Sua singularidade está também em sua sensibilidade, é capaz de absorver tudo o que está em seu redor. Para ela as influências são realmente influências. Talvez por isso a segurança de uma companhia seja tão importante. Às vezes, parece mais com uma pequena criança. Não é de hoje que, dependendo do dia, o mais simples gesto a faz deitar em lágrimas. Por isso que ela ataca. Assim se defende. Como quem não quer responder, pergunta. Como quem não quer rir, faz cócegas. Por ser tão vulnerável quando sente que algo vai lhe ferir, logo busca alguma maneira de deixar aquela pessoa vulnerável e até mesmo ferida. O faz com sucesso, é inteligente. Mas não com ele.
Ele está demorando. O azul ainda não secou. Não costuma chegar assim tão tarde e quando o faz sempre avisa, porque sabe de sua apreensão. É dono de uma percepção raríssima. Calmo, muito calmo, é daquelas pessoas que parece que está sempre pensando e que não se abala muito com o que acontece ao redor. Sobretudo, é rápido ao mesmo tempo que leve. O jeito com que se movimenta e articula, também suas palavras, é certeiro, exato. Seu toque nela é absolutamente o que ela sonhava e o que ela agora precisa. Há nesse caso o risco: o que você sempre quis, para sempre vai precisar.
Começa a caminhar de um lado para o outro. Pára em frente ao espelho e pensa que está gorda e que tem que começar a se alimentar melhor ou até quem sabe freqüentar uma academia. Abre a geladeira e dá uma mordida em um meio sanduíche, é de peito de frango defumado com cheddar e tem muitas azeitonas pretas, ele adora. Antes mesmo de engolir se arrepende e procura um pepino, mais saudável, mas não acha e fecha a geladeira com uma cenoura na mão. Se ele não chegar e o azul não secar, logo vai fumar os cigarros que escondeu dela mesma e que, logicamente, só ela sabe onde está.
Nervosa. Fica com raiva de sua impotência e fraqueza frente a ele. Não que ele tenha culpa, pois, ela é quem se põe em tal situação e se sente muito mal por ser tão dependente. No fundo queria não depender tanto de alguém. Pensa em deixá-lo, aliás, há tempos pensa sobre isso. Tem vontade de começar tudo de novo, acredita que pode ser mais forte e que pode até amar sendo independente. Ela nunca teve problemas em conquistar os homens, estava certa que em pouco tempo iria conhecer alguém. Não lhe faltava dinheiro nem nada. Uma súbita e estranha certeza lhe aflorava a razão. Decidiu, vai mesmo deixá-lo.
Uma perigosa força e autoconfiança lhe toma de maneira que a cada passo que dá mais certa fica de sua decisão. Planeja mudar para longe, muito longe. Enquanto caminha e passa os olhos pela casa instintivamente escolhe o que pretende levar consigo. São poucas as coisas com que se importa nesse momento, mesmo que inúmeras a agradem, elas trazem consigo lembranças dele. Precisa de ar, muito mais, precisa de espaço e tudo que a cerca a faz lembrar que a segurança de sua vida depende de outra pessoa. Fica triste, mas não menos forte e segura do que antes. Começa a chorar, muito. Não sabe por que, tem a ver com ele, mas não está certa o que é.
Em prantos ela começa correr dentro de casa até que pára em frente à porta que se abre. Ele entra molhado dos pés à cabeça, pára e olha para ela. A lê em dois segundos, caminha até ela e suavemente a abraça. Toda força que ela tem está em seu abraço. Agora mais do que nunca ela sabe, vai passar o resto da vida com ele e o resto da vida feliz.
O azul secou.